Insônia associada a maior sensibilidade à dor
As pessoas com insônia e outros problemas de sono apresentam uma maior sensibilidade à dor, aponta um estudo norueguês.
Conduzido por uma equipe liderada por Børge Sivertsen, do Instituto Norueguês de Saúde Pública, em Bergen, o estudo sugere que as pessoas que sofrem de insônia e de dor crônica apresentam uma menor tolerância à dor, sendo que esta camada populacional poderia beneficiar de tratamentos para ambos os problemas.
Para o estudo, a equipa contou com a participação de 10.400 adultos que se encontravam a participar num estudo norueguês sobre saúde.
Os participantes foram submetidos a um teste de sensibilidade à dor, o teste de frio, que consistia em manterem uma mão imersa numa banheira com água fria.
Foram igualmente questionados sobre os vários problemas de sono, incluindo insônia, tempo de sono total e tempo necessário para adormecer. Os investigadores investigaram a relação entre as medidas de problemas de sono e a sensibilidade à dor. Foram igualmente tidos em consideração outros fatores que pudessem potencialmente afetar o sono e a perceção da dor como a dor crônica (persistente ou recorrente) e problemas psicológicos, como depressão e ansiedade.
De uma forma geral, 32% dos participantes conseguiram manter as mãos em água fria durante os 106 segundos de duração do teste. Os participantes que sofriam de insônia apresentaram maior probabilidade de retirar as mãos da água fria antes do tempo (42%) comparativamente com aqueles que não sofriam de insônia (31%).
Foi apurado que a sensibilidade à dor aumentava quanto maior fosse a gravidade e frequência da insônia. Os índices de menor tolerância à dor eram 52% superiores nos indivíduos que diziam sofrer de insônia mais de uma vez por semana em relação a 24% dos que diziam sofrer deste problema uma vez por mês.
A sensibilidade à dor estava também associada ao tempo necessário para adormecer, mas não ao tempo total de sono. Ajustamentos relativos à idade e sexo não alteraram os resultados e registraram-se alterações pouco relevantes após ajustamentos relativos a problema psicológicos.
Foi observado um efeito muito relevante na insônia e dor crônica em conjunto sobre a tolerância à dor. Os pacientes com insônia e dor crônica apresentavam o dobro da probabilidade de possuírem menor tolerância à dor.
Este estudo foi o primeiro a associar a insônia e problemas de sono a uma menor tolerância à dor numa grande amostra populacional. Os resultados sugerem que os fatores psicológicos poderão contribuir para a relação entre problemas de sono e a dor, mas não a conseguem explicar na totalidade. Serão necessários mais estudos para explorar o papel desempenhado pelos neurotransmissores, como a dopamina, os quais poderão afetar a dor e o sono.
ALERT Life Sciences Computing, S.A.