Postura inadequada no trabalho é uma das principais causas de dor na coluna
Permanecer em posições desconfortáveis por longo período prejudica a saúde
Posturas inadequadas no trabalho são comuns em diversas profissões. Permanecer em posições desconfortáveis por muito tempo ou fazer movimentos que forçam a coluna trazem uma consequência comum a muitos trabalhadores: as dores.
Oito a cada dez indivíduos sofrerão de dor nas costas em algum momento de suas vidas, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). E mesmo o problema sendo muito comum, pouco se faz para preveni-lo. O médico neurocirurgião Paulo Porto de Melo explica que estas dores são resultado das sobrecargas direcionadas à coluna, aplicadas em todas as situações de nossa rotina, principalmente o trabalho, local onde, normalmente, permanecemos mais tempo durante o dia.
— Aliado a estas sobrecargas, também se encontram inúmeros fatores de risco que potencializam estas cargas, tornando a possibilidade de lesão nos tecidos da coluna ainda maiores. Por isso é extremamente importante entender o que fazer e, principalmente, o que não fazer após uma crise de dor, e como evitá-la — diz.
No entanto, embora possam estar relacionadas a diversas enfermidades, as dores lombares surgem, principalmente, em indivíduos sem qualquer outra doença e, muitas vezes, são associadas ao estilo de vida de cada um, incluindo as atividades profissionais.
— Quando estão associadas à profissão e pode-se estabelecer uma relação de causa e efeito entre o trabalho e a dor, são chamadas de lombalgias ocupacionais — conta o médico.
Algumas profissões podem prejudicar a coluna:
A atividade profissional pode, muitas vezes, exigir longas horas seguidas em uma mesma posição, quase sempre inadequada para a saúde da coluna. Essas posições podem levar à sobrecarga dos discos intervertebrais (discos da coluna) e de outras articulações da coluna, causando ou acelerando seu desgaste, conhecido como artrose da coluna ou espondiloartrose.
— Essa sobrecarga pode ser tolerada por longos anos, pela ação de mecanismos de adaptação da coluna e da musculatura que a envolve, mas chega o momento em que esses mecanismos cedem e as dores nas costas surgem — esclarece o neurocirurgião.
Os vícios de postura e posturas mantidas por longo tempo são muito comuns em profissões que exigem a posição sentada (secretárias, digitadores, programadores, professores) ou até mesmo de pé (montadores, catadores, pintores).
Saiba quais são os principais problemas na coluna que atingem algumas profissões:
Secretária/recepcionista: elas passam horas e horas sentadas em uma mesma posição. Com o cansaço, sentam-se esparramadas na cadeira, o que pode aumentar as cargas na coluna. Além disso, o salto alto, comum nessas profissões, também altera a curvatura da coluna, aumentando as cargas impostas a ela.
Segundo o neurocirurgião, o tratamento pode ser médico, com o uso de remédios analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares, cirurgia ou fisioterapêutico (RPG, pilates). Saltos plataforma ou pequenos saltos também podem ajudar, mas não são a solução.
Dentista/atletas/operadores de máquinas: eles estão entre os mais atingidos pela hérnia de disco cervical por executarem suas tarefas com o tronco curvado para frente, postura que mais sobrecarrega os discos intervertebrais. No caso dos dentistas, o problema está na realização de esforços de flexão e rotação da coluna diversas vezes ao dia. Nestes casos, segundo Melo, a hérnia está localizada no nível da cervical e pode haver dor no pescoço, ombros, na escápula, braços ou no tórax, associada a uma diminuição da sensibilidade ou de fraqueza no braço ou nos dedos.
Somente 10% dos casos de hérnia de disco precisam de cirurgia. Para os profissionais que já sofrem com problemas na coluna e não querem se submeter a uma cirurgia, o tratamento convencional pode apresentar bons resultados. Tratamentos com fisioterapia aliada a exercícios de fortalecimento dos músculos posturais podem ser eficazes. Além disso, pode ser recomendado para esses pacientes o repouso e uso de analgésicos, anti-inflamatórios e anestésicos.
Motoristas: a condução de veículos por longos períodos e o transporte de cargas pesadas implicam esforço para a coluna, pressionando o nervo ciático, e faz esses tipos de profissionais serem os mais afetados pela dor ciática, uma dor persistente que se inicia na região lombar, passa pelas nádegas e prolonga-se para as pernas e por vezes até ao pé.
Os males da dor ciática podem ser controlados com períodos de descanso e diminuição da atividade, seguidos de exercícios para melhorar a mobilidade e fortalecer as costas. Fisioterapia também é útil.
Fonte: Zero Hora