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10 jun 2014

Regeneração de lesões do sistema nervoso: identificado alvo

Investigadores do Instituto de Biologia Molecular e Celular da Universidade do Porto, constataram que o transporte de componentes celulares dentro dos neurônios é o principal alvo da regeneração de lesões no sistema nervoso.

O estudo, publicado no “The Journal of Neuroscience” e ao qual a agência Lusa teve acesso, apresenta novos caminhos para resolver um dos grandes desafios biomédicos: “a razão pela qual os neurônios da medula espinhal, ao contrário dos neurônios do sistema nervoso periférico, são incapazes de regenerar os axônios (prolongamento de uma célula nervosa que recebe os impulsos nervosos e os transmite a outras células ou órgãos) e ligações perdidas durante uma lesão”.
De acordo com a líder do estudo, Mónica Sousa, o maior contributo deste trabalho é “identificar o transporte axonal como um alvo importante da investigação em regeneração axonal”, referindo que “poderá ser o futuro no desenvolvimento de terapias com o fim de aumentar a regeneração axonal no sistema nervoso central adulto”.
Os autores do estudo explicam que “a maioria dos neurônios do sistema nervoso central é incapaz de regenerar os finíssimos prolongamentos, chamados axônios, que os ligam a outros neurônios. O caso mais particular é o dos axônios mais longos, que se prolongam desde o cérebro, atravessando a medula espinhal, até a zonas longínquas do corpo, em extensões de cerca de um metro”.
“Estes axônios são essenciais para que a informação rapidamente percorra o caminho entre o nosso corpo e o cérebro e vice-versa. As lesões na medula espinhal, em consequência de traumatismos, resultam na maioria das vezes na perda de sensibilidade e na perda de capacidades motoras, simplesmente porque os axônios foram cortados. A incapacidade de regenerar esses axônios tem sido uma das frustrações da biomedicina e o principal impedimento à recuperação de muitos acidentados”, acrescentam.
Desta forma, os investigadores centraram o seu estudo em neurônios que têm uma dupla posição, ou seja, “têm axônios dentro e fora do sistema nervoso central. Esta dupla posição confere-lhes uma plasticidade interessante, pois recuperam de lesões primárias que sofram na parte periférica, mas não das lesões da parte central. Porém, se sofrerem lesões múltiplas e sequenciais, mostram ter uma capacidade aumentada de regenerar o ramo central. De fato, se tiverem sofrido uma lesão prévia no seu ramo periférico, o ramo central do neurônio também ganha capacidade de regenerar”.
O estudo mostrou que, “quando a lesão periférica ocorre, há um aumento global do transporte axonal, especialmente de proteínas, organelos e vesículas. Este fenômeno não fica restrito ao axônio periférico lesionado, estendendo-se ao axônio central. Se este último, o axónio central, sofrer uma lesão subsequente, uma lesão da medula espinhal, toda a maquinaria necessária a gerar a regeneração axonal já estará presente e funcional”, explica Fernando Mar, primeiro autor do trabalho.

 

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